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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O poder da verdade.

Numa cidade longínqua nasceu um menino que era transparente. Via-se bater o coração, os seus pensamentos inquietos como os peixes no seu aquário. Uma vez esse menino disse uma mentira, por engano, e as pessoas viram algo parecido a uma bolinha de fogo à sua frente; depois disse a verdade e a bolinha desapareceu. Durante o resto da sua vida nunca mais voltou a dizer mentiras. Chamava-se Jaime, mas chamavam-lhe Jaime de Cristal, e todos gostavam dele.
Um dia chegou ao poder daquele pais um feroz ditador e começou um período de opressão e miséria para o povo. Aquele que ousava protestar, desaparecia sem deixar marca. As pessoas calavam-se e aguentavam com medo as consequências. Mas o Jaime não conseguia ficar calado.
Mesmo que não abrisse a boca, como era transparente, todos conseguiam ler os pensamentos de condena face ás injustiças do ditador. Logo às escondidas, as pessoas comentavam os pensamentos do Jaime e assim renascia uma esperança. O ditador fez com que Jaime fosse detido e ordenou que fosse encerrado em uma cela muito escura.
Mas depois sucedeu algo de extraordinário. As paredes da cela do Jaime tornaram-se transparentes e depois os muros da prisão também. As pessoas que passavam de perto viam o Jaime sentado no seu banco e continuavam a ler os seus pensamentos. Pela noite existia uma grande luminosidade e o ditador ordenava para fechar todas as cortinas do seu palácio para não a ver, mas nem assim conseguia dormir. Mesmo o Jaime estando preso conseguia ser mais poderoso que ele, porque a verdade é mais poderosa que qualquer outra coisa, mais luminosa que o dia e mais terrível que um furação.
texto de Gianni rodari

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